Entre os dias 15 e 21 de Junho, um grupo de pesquisadores da Rede Guarani/Serra Geral participou de uma agenda por dois países do Mercosul que se constituem como áreas de ocorrência do Aqüífero Guarani. A viagem, organizada pela coordenação da Rede Guarani/Serra Geral, teve o objetivo principal de proporcionar o contato com pesquisadores e instituições que desenvolvem estudos jurídicos relacionados às águas subterrâneas no Uruguai e na Argentina. Além dos Professores da Uniplac Maria de Fátima S. Wolkmer, Valdeci Israel, Sirlane M. Bruggemann, Helói Ampessan Filho, Lúcia Ceccato e Lúcia Baggio Martins, compuseram a missão o Professor Dr. Rogério Portanova e o acadêmico Luciano A. Henning, do Curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, o Professor João Amorim, representante da Universidade de São Paulo, e o Dr. Álvaro Sanches Bravo, professor/pesquisador da Universidade de Sevilha, na Espanha. O primeiro compromisso cumprido foi na Secretaria Geral do Sistema Aqüífero Guarani (SAG), no prédio Mercosul, na cidade de Montevidéo, na manhã do dia 16 de junho. Na reunião que foi coordenada pelo Secretário Geral do projeto SAG - o brasileiro Dr. Luiz Amore, estabeleceram-se as primeiras tratativas para que seja formalizada uma parceria de cooperação jurídica entre a pesquisa que é desenvolvida em âmbito dos governos dos quatro países do Mercosul com o Projeto Rede Guarani Serra Geral e que atualmente congrega várias outras Universidades e pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento, tanto do Estado de Santa Catarina quanto dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. O segundo compromisso foi cumprido na noite do dia 16 de junho, na Universidade de Montevidéo, onde os Professores Maria de Fátima S. Wolkmer, Valdeci Israel e Lúcia Baggio Martins apresentaram o projeto para professores, acadêmicos e autoridades do Uruguai. Na ocasião, o Dr. Álvaro Sanches Bravo proferiu uma sobre a experiência da Gestão das águas subterrâneas transfronteiriças na União Européia. No dia 17, a equipe deslocou-se até as cidades de Rivera e Santana do Livramento para cumprimento de uma agenda com a equipe local do SAG que executa um projeto piloto de monitoramento e georreferenciamento naquela região. Lá foi possível observar algumas características que demarcam os problemas e os desafios na gestão das águas subterrâneas transfronteiriças, como a possibilidade de contaminação das mesmas, através da perfuração de poços subterrâneos. No dia 18, após retornar a Montevidéo, a equipe seguiu para Buenos Aires para uma reunião com o Sr. Miguel Giraut, Coordenador Nacional do Sistema Aqüífero Guarani (SAG) daquele país. Essa agenda, além de permitir o contato e conhecimento de alguns agentes que trabalham com águas subterrâneas na Argentina, possibilitou uma melhor compreensão das questões jurídicas que envolvem as águas subterrâneas no contexto específico dos países do Mercosul. Tanto no Uruguai como na Argentina, a equipe reuniu materiais que servirão como referência às propostas a serem construídas na área de educação ambiental. Além disso, a viagem serviu para visitas e pesquisa por algumas bibliotecas de Buenos Aires, onde foram adquiridos alguns livros de interesse jurídico. “Embora essa seja uma questão bastante recente e por vezes pouco difundida em nosso meio, a escassez mundial das águas potáveis superficiais vêm fazendo com que as águas existentes no nosso subsolo sejam cada vez mais utilizadas para as diversas necessidades humanas. Trata-se de um potencial que certamente pode ser utilizado, porém, a pergunta que deve ser feita é \'como usar esse potencial de forma que sua sustentabilidade seja garantida para as presentes e também para as futuras gerações\'? Trata-se de garantir que a retirada dessa água seja no mínimo proporcional a capacidade de reposição natural. Dessa forma, poderemos utilizá-la sem que venhamos a comprometer a quantidade e a qualidade da mesma. Para isso, é necessário que se construa uma base de conhecimentos científicos que permitam dimensionar quais são as potencialidades reais da água, tanto no Aqüífero Serra Geral quanto no Aqüífero Guarani, dimensionando suas características físico-químicas e avaliando as complexas relações que se estabelecem nas diferentes áreas de suas ocorrências, avaliando e determinando também as implicações jurídicas que se mostram necessárias numa perspectiva estadual, nacional ou até mesmo internacional de gestão”. Estas são apenas algumas das considerações que ao longo da programação foram sendo cunhadas. A partir da geração do conhecimento e da formação de competências em nível local, o Projeto Rede Guarani Serra Geral se constitui como um instrumento nessa geração de conhecimentos, proporcionando às Instituições que participam do projeto (FUNJAB, UFSC, UNIPLAC e UNOESC) a oportunidade de se constituírem em importantes centros de pesquisa e difusão científica. Ao regressar, no dia 20, pairava a certeza de que essa viagem e, principalmente os contatos e aprofundamento da temática se constituíram em boas oportunidades para consolidação da rede e enriquecimento da pesquisa. O Projeto Rede Guarani Serra Geral conta com o apoio dos seguintes órgãos de fomento: MCT/CNPq/CT-HIDRO e FAPESC/FUNJAB.