Selecionada para participar do programa Ciência Sem Fronteiras no ano de 2013, Renata Lahis Cavalcante de Albuquerque e Silva, acadêmica do quinto ano do curso de Medicina da Uniplac, relata sua experiência nos Estados Unidos após alguns meses de seu retorno.
Renata conta que a ideia de inscrever-se para o programa, há dois anos, surgiu ao acaso. “Eu nem conhecia [o programa] muito bem, mas uma amiga minha estava tentando se inscrever. Fui ajuda-la e acabei me inscrevendo também, e depois me informando sobre o programa. Após isso já vieram outros passos do cadastro, me inscrevi para Portugal e naquele ano as inscrições para o país foram canceladas. Me chamaram para a inscrição em outro país e acabou que na última chamada só tinham vagas para os Estados Unidos, aí acabei transferindo minha inscrição para lá”.
O processo de inscrição, segundo ela, exigiu o preenchimento de formulários e uma prova do chamado TOEFL – Test of English as a Foreign Language (ou Teste de Inglês como uma língua estrangeira), necessário para poder ser aprovada no programa. “O processo exigiu ainda carta de recomendação de professores, meu currículo, histórico escolar e uma série de coisas a preencher”.
Segundo ela, mesmo aprovada para participar do programa, quase acabou deixando de ir. “Eu conversei bastante com a professora Sandra Brun que me ajudou. Se não fosse por ela e alguns amigos, eu nem teria ido. Fiquei receosa porque ninguém daqui tinha ido até então, eu não sabia como era e não sabia como seria. A professora Sandra leu o edital e me explicou tudo que eu teria e não teria lá”, relembra.
Renata passou por duas partes dos Estados Unidos durante o programa. Primeiro ficou alguns meses na University of Mississippi para aprender a língua inglesa, e somente depois foi para a University of Alabama at Birmingham, para então cursar as disciplinas de Medicina. “Eu cheguei no Mississipi sem saber inglês. Lá eu morei com duas coreanas e uma alemã em um apartamento e elas me ajudaram muito no processo de aprender o inglês, isso em agosto daquele ano. Alguns meses depois eu fiz um novo TOEFL para saber o desenvolvimento do meu inglês. Quem não passasse ia voltar pro Brasil”.
Após passar no teste e realizar a transferência para o Alabama, Renata iniciou os estudos em sua área, percebendo a diferença entre os cursos de lá e os cursos do Brasil. “Lá a medicina é muito diferente. Aqui duram seis anos, e lá você tem que fazer o pre-med, que seria equivalente à nossa graduação por quatro anos, e depois tem que ser aprovado numa Medical School, que são mais quatro anos, equivalente a uma pós-graduação. Aqui são seis anos e lá são oito”, conta Renata, que fez disciplinas das duas etapas.
Como ela voltou no final do mês de novembro, relatou que ainda não conseguiu passar tudo que viu durante o intercâmbio. “É muito diferente. Eles têm uma tecnologia incrível, e métodos muito bons de aula. Eu me sentia muito bem aprendendo, mas ainda não consegui passar tudo que vi lá porque foi muita coisa. Vai levar algum tempo”. A bolsa recebida por Renata pelo programa custeou todas as suas despesas, como deslocamento, passagens aéreas, alimentação, internet, livros e um computador ou tablet, a critério do aluno, além de um valor mensal para despesas extras.
“Nós tínhamos o chamado Linha Direta com a CAPES, que era um sistema para entrar em contato com eles. Se fosse uma mensagem urgente eles respondiam prontamente, e se fosse uma mensagem que poderia levar mais tempo eles investigavam e nos respondiam quando possível. A gente também tinha o telefone de uma pessoa que era nosso técnico, e poderíamos entrar em contato caso preciso.”
Da Uniplac, ela conta que estava sempre em contato com os professores Juliano Leite e a professora Vera Rejane, na época pró-reitores de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação, e Ensino, respectivamente, além da professora Sandra Brun.
“Todas as minhas dúvidas lá foram resolvidas, tudo. Era um sistema de acolhimento muito bom. Dentro da Universidade nós tínhamos um advisor, nós sempre íamos no escritório dele e ele resolvia para a gente o que fosse necessário”.
Apesar da grande experiência adquirida na Universidade, a estudante ainda não decidiu qual ramo da medicina irá cursar. “Eu sou muito aberta a ir conhecendo várias coisas”.
Pesquisa e novos conhecimentos e trocas de experiências
Renata conta que lá, durante o Programa, conseguiu fazer aulas muito interessantes, além de ter participado de uma pesquisa científica que foi mandada para publicação, e em um mês ou dois deverá ser publicada. “Consegui aprender muito sobre pesquisa e isso foi bem importante. Agora, com o contato do pessoal de lá, dá pra se pensar em desenvolver coisas daqui com eles para publicar”.
Ela espera que seu convívio no local sirva de exemplo para outros acadêmicos da Uniplac. “Durante a minha estadia, eu sempre falei para a professora passar para os alunos daqui que quem tivesse interesse em qualquer coisa poderia falar comigo que eu ia ajudando. Pra mim, quanto mais gente daqui for mais coisas a gente consegue trazer. Pra Universidade toda, não só para o nosso curso.”
Em meados de agosto, três acadêmicos do curso também estarão participando do programa: Matheus Silva Melo, Michelle Medeiros e Giulia Haendchen Fornasari.
O aprendizado foi além da Universidade
“Dessa experiência eu tirei muita coisa, não dá nem pra falar tudo. Eu aprendi muitas coisas que eu não sabia sobre as outras culturas e convivi com gente de muitos países. A gente acaba formando tantos estereótipos, e na minha cabeça e eu tirei todos eles. Têm pessoas diferentes, culturas diferentes e aprendi a lidar com elas e ficar mais independente, aprendi a abrir a cabeça para novos ensinamentos, novas coisas, uma segunda língua, e com isso já dá vontade de aprender uma terceira língua, e viajar mais, e ter mais contato com gente diferente. Eu acho que tirei preconceitos e estereótipos da minha cabeça, e a gente tem que tirar mesmo. Essa experiência foi boa também para isso”, finaliza.