Nos últimos anos o Brasil vem implementando projetos de desenvolvimento, com ênfase na autonomia científica e tecnológica do país, colocando a reforma do ensino superior como necessidade premente.
Nesse contexto, a educação constitui-se no caminho para o desenvolvimento sustentável de nosso país. As universidades desempenham um papel central na produção e difusão do conhecimento científico.
Para pensar a universidade necessária para a construção da autonomia do país, urge refletir não somente a qualidade através do controle da sociedade, mas propor e construir formas de manutenção dos alunos na universidade. Sabemos que estudar vai além das boas notas, as dificuldades econômicas tornam árdua essa tarefa.
Nas décadas de 60 a 90 o desafio era interiorizar o ensino superior no País. E muitas localidades tomaram para si a tarefa que era prioritária do Estado. Surgem as universidades comunitárias e fundacionais. Hoje, um dos desafios consiste em democratizar o acesso e a manutenção dos alunos nos cursos universitários.
O Governo Federal aplicou nos últimos 3 anos R$ 592 milhões na expansão universitária. Já criou, dentro do Programa Expandir, 4 novas universidades (Universidade Federal do ABC/SP; Universidade Federal do Pampa/RS; Federal da Grande Dourados/MS; Federal do Recôncavo da Bahia/BA) e 6 novas universidades por transformação (Federal do Triângulo Mineiro/MG; Federal Tecnológica do Paraná/PR; Federal Rural do Semi-Árido-RN; Federal dos Vales do Jequetinhonha e do Mucuri/MG; Federal de Alfenas/MG; Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre/RS). Ao todo são 83 universidades federais no país.
A criação de um Plano Nacional de Reforma Universitária vem gerando um movimento nacional de debates e reflexões sobre a universidade e seu papel. O plano nacional ainda não foi aprovado, mas já foram implementados programas parciais como o Prouni, programa de avaliação e programas de expansão das universidades federais.
No Brasil, temos registradas pelo INEP, 1.859 universidades, sendo 83 Federais. Destas, 12 universidades estão localizadas na região Sul, sendo que Santa Catarina possui apenas 1 universidade federal. E no programa de expansão das federais, Santa Catarina não está contemplada com nenhuma.
O Movimento pró-Federalização e a Serra Catarinense
No contexto de Santa Catarina, os indicadores sócio-econômicos da serra catarinense são reveladores. Onze dos seus municípios figuram entre os vinte e um municípios com menor índice de desenvolvimento sócio-econômico do Estado.
Evidenciam-se, entre outros aspectos, o alto índice de desemprego, o analfabetismo, os baixos investimentos no setor produtivo, o êxodo rural, a alta concentração da renda e, nos últimos anos, registra-se uma população urbana crescente e empobrecida. Esta realidade impede à grande maioria da população a permanência no ensino superior.
É nesse contexto que se situa a Uniplac, universidade pública, não-estatal, com origem e patrimônio público municipal, geograficamente situada no centro do Estado de Santa Catarina e que atende uma população de 5.000 alunos (graduação e pós-graduação).
Na pesquisa sobre o perfil socio-econômico dos alunos, constata-se que 34,5% possuem renda familiar de até R$ 900,00 e 28,65% entre R$ 900,00 e R$ 2.100,00 2, ou seja, não ultrapassando 7 salários minimos. Em 2005, com programas de bolsas de estudos foram beneficiados 2.354 alunos da universidade, o que caracteriza muito bem o perfil sócio-econômico de nossa população.
É o momento de unir esforços na construção de um projeto de federalização para nossa região. Este movimento envolve:
a) Parte documental:
Elaboração de proposta a ser encaminhada ao Ministério da Educação.
b) Ampla Mobilização:
Articulação da sociedade politica: Estabelecimento de estratégias de atuação e comprometimentos dos representantes políticos em todas as esferas (independentes de partidos), das prefeituras municipais, das secretarias regionais de desenvolvimento, das universidades públicas já existentes.
articulação com a sociedade civil: Mobilização de empresários, entidades de classes, movimentos sociais e entidades da sociedade civil.
Assim, estaremos formando um amplo movimento social em prol da federalização.
A proposta de federalização que se começa a pensar para Lages e região pode e deve reafirmar a pertinência de uma universidade comunitária e comprometida com o desenvolvimento regional, agora em outros patamares estruturais, ou seja, sob o caráter de gratuidade.
Tal movimento de federalização colocará a região num contexto nacional de expansão do ensino superior brasileiro, público e gratuito. É um movimento longo, que exige mobilização, empenho e compromisso com a Universidade e região.
Sempre acreditando que o futuro não se prevê, mas se constrói.
Prof.ª Zilma Isabel Peixer
Pró-reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação