Em visita a Fundação Cultural de Lages e a Universidade do Planalto Catarinense, Bourne quer dar a sua visão sobre a história dos Garibaldi no sul do país e sua relação com as comunidades
Richard Bourne com seus 78 anos de idade pode ser descrito como classificamos os ingleses, altos e de uma educação nobre, polite como eles mesmos pronunciam. Bourne não domina muito a língua portuguesa, cerra os olhos para tentar lembrar de alguns sinônimos, mas algumas palavras ainda saem em inglês apesar dos muitos anos vividos pelo Brasil.
Entre 1962 e 1982, Richard trabalhou como jornalista em jornais como o New Society, Evening Standart e o famoso jornal diário inglês The Guardian. A partir de 1982 começou a atuar no Commonwealth Institute em Londres e em outras organizações de direitos humanos pela Europa e Índia, onde fundou uma organização chamada de Commonwealth Human Rights Initiative (CHRI) que tem por objetivos diversas ações em proteção aos direitos humanos no mundo.
Richard também foi professor da Universidade de Londres na disciplina de Estudos Políticos e autor de diversos livros, os mais famosos são as biografias “Lula of Brazil” de 2008 e “Getúlio Vargas – A Esfinge dos Pampas” de 1974.
Sua primeira obra, escrita em 1970 intitulada de “Political leaders of Latin America” é um trabalho pessoal sobre líderes políticos como Che Guevara, Alfredo Stroessner, Eduardo Frei Montalva, Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e Eva Peron.
A história de Bourne no Brasil começou em 65 quando trabalhou a convite do Itamaraty como bolsista fazendo reportagens para o The Guardian. “Foi um período de aprendizado tanto profissional como pessoal, e foi difícil também pois a política no Brasil estava complicada”, lembra Bourne.
Sobre seu novo trabalho, o escritor conta que a figura de Giuseppe Garibaldi chamou a sua atenção pela história do Italiano que tentou unir os pequenos estados da Itália, a tentativa de libertação do sul no Brasil e a história no Uruguai. “A figura dos Garilbaldi é muita interessante, Giuseppe foi mais admirado que nomes como o de Che Guevara, por exemplo. Os pontos de vista das comunidades é o que mais me interessa, é da visão dos povos onde os Garibaldi passaram que também pretendo abordar”, comenta.
A passagem de Richard por Lages é resultado de uma série de viagens que começaram no Rio Grande do Sul e em todos os caminhos do casal de heróis. “Curitibanos e Lages são importantes nessa história, por isso essa visita rápida”, acrescenta.
“Garibaldi e a Exploração da América do Sul” pode ser o nome desse novo livro de Bourne. O autor quer dar uma visão bem pessoal sobre a história de Giuseppe e Anita. “Os efeitos no Brasil e no Uruguai serão apresentados no meu trabalho. Vi muita força na história Farroupilha pelo próprio povo, isso é fascinante”, exalta.
Richard pretende estar com o livro pronto em 2020 para que nas comemorações do bicentenário de Anita Garibaldi que será em 30 de agosto de 2021, a obra seja lançada no Brasil.
Texto: Fabrício Furtado / Jornalismo Uniplac | Fotos: Vitória Marques Bittencourt / Assessoria Uniplac