Inclusão Pelas Mãos

Quem entra na classe da professora Fabiane Ventura de Jesus imagina de cara ser uma classe de alfabetização. E na verdade é mesmo. Os alunos estão aprendendo um novo idioma, a Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida como “Libras”, é uma forma de linguagem natural, criada para promover a inclusão social de deficientes auditivos e em 2002, foi reconhecida pela Lei de nº 10.436 como como uma das línguas oficiais do país, sendo regulada pelo Decreto nº 5.626/2005.

“Hoje, aprender Libras é fundamental para o desenvolvimento nos aspectos social e emocional, não apenas do deficiente auditivo, mas também de todos que fazem parte do seu convívio”, afirma a Gestora do Programa de Apoio e Acompanhamento Pedagógico da Uniplac, Suzana Duarte. “Ainda assim, o ensino da Língua de Sinais é muito precário na nossa sociedade, dificultando a inclusão destas pessoas”.

Partindo desta problemática social, a Uniplac oferece curso de Libras para acadêmicos e comunidade externa. “As aulas iniciaram hoje, mas nossas inscrições ainda estão abertas até o dia 30 de agosto”, convida a Professora Fabiane, que nesta primeira aula já apresentou aos alunos os princípios da Libras. “O que diferencia a Língua de Sinais das demais é que, no lugar do som, utilizamos os gestos como meio de comunicação, marcados por movimentos específicos realizados com as mãos e combinados com expressões corporais e faciais”.

Os estudantes do curso de Medicina Flávio Thiesen e Maria Eduarda Cecatto trazem a mesma razão para iniciar o curso. “Aprender a Língua Brasileira de Sinais é evoluir pessoal e profissionalmente”, afirmam. “Queremos estar prontos para atender com dignidade e igualdade de condições nossos pacientes surdos”. A assistente executiva de uma empresa de imóveis, Bárbara Dalbó da Silveira, conta que já atendeu clientes surdos e teve dificuldade com a comunicação. “Sem dúvida alguma o domínio de Libras vai agregar em meu currículo profissional. Mas, muito além disso, poderei dar minha contribuição para fazer com que a sociedade seja mais receptiva e dê mais acesso e oportunidades às pessoas que sofrem de surdez”, ressalta Bárbara.

Com relação ao destaque profissional, a professora Fabiane frisa que a Lei nº 10.436 tornou obrigatório o setor público atender deficientes auditivos por meio da Língua Brasileira de Sinais, o que torna esse profissional muito requisitado nas empresas e instituições educacionais que têm por obrigação serem locais de inclusão e integração. “Não há como excluir nenhum aluno por conta de alguma deficiência. Portanto, é muito importante que os profissionais da área da educação, seja ela qual for, saibam Libras”. A empresária Ana Cristina da Silva Salvador, já realiza voluntariado no Grupo de Surdos “Mãos que louvam e dedos que falam”, da Assembleia de Deus de Lages. “Através do contato com eles, percebi a necessidade do conhecimento desse idioma, pois não adianta somente minha boa vontade é preciso aprender como me comunicar”, conta ela.

“É fundamental que nossa sociedade extermine o audismo”, afirma Suzana Duarte. E ela explica aos “analfabetos” no assunto, que o audismo pode ser compreendido como uma forma de preconceito com as pessoas que têm menor ou nenhuma capacidade de audição. “Isso acontece todos os dias. Seja na rua, no mercado, em qualquer lugar onde há descaso ou falta de interesse em adaptar a comunicação para que ela atinja as pessoas com deficiência auditiva”, ressalta. “Não valorizar a Libras e sua relevância é uma forma de endossar a cultura negativa do audismo, por isso, oferecer o curso e conseguir reunir pessoas conscientes de sua cidadania e que queiram aprender a Língua de Sinais é importante para erradicar esse preconceito”.

Texto e Fotos: Débora Bombílio / Central de Notícias Uniplac (CNU)

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