O capítulo “A história dos ‘ninguéns’: a narrativa decolonial em O Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano”, escrito pelo Professor da graduação em Jornalismo da Universidade do Planalto Catarinense, Luiz Henrique Zart integra o livro “Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Epistemologias dissidentes”, organizado por Marta Maia (UFOP) e Mateus Yuri Passos (Metodista), com prefácio de Dione Moura (UnB) e publicação pela Editora Catarse. O lançamento, em formato e-book, acontece durante o 18º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, realizado de 3 a 6 de novembro, inteiramente on-line, e promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).
O capítulo do professor interpreta as histórias que compõem o livro do escritor uruguaio observando relatos que constituem, em certa medida, retratos particulares da América Latina, especialmente do ponto de vista da decolonialidade. “Os ‘ninguéns’ seriam aqueles oprimidos, desprezados, ‘que não valem mais que a bala que os mata’”, diz Zart. No capítulo, a proposta é perceber a América Latina em sua complexidade, além de considerar os problemas e as cicatrizes deixados pelo processo de colonização: “esse contexto se transforma em colonialidade quando permanece e se dissipa pelos mais diversos níveis da vida cotidiana”, argumenta, “então, a obra de Galeano representa uma contraposição ao modelo europeu de civilização e toda a lógica que vem dele”. Sobretudo, destaca o professor, o capítulo retrata uma América Latina “que morreu e nasceu muitas vezes, e agora continua persistindo, lutando contra a dominação, e nascendo outras mais”.
Este é o quarto livro-coletânea produzido pela Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami), vinculada à SBPJor – o terceiro com a participação do professor Zart, que integra a Rede desde 2016. Os 27 capítulos da obra, escritos por 45 autores e autoras de várias regiões do país, tratam de diferentes noções hegemônicas presentes em narrativas da comunicação (ficcionais e não ficcionais), frequentemente pacificadas e normalizadas, que no livro são tensionadas e desafiadas. Assim, são abordadas as construções culturais em torno dos povos originários do território brasileiro, construções de gênero, de raça e de classe, de punitivismo, de conflitos e de paz, o lugar da subjetividade, da experimentação estética e da experiência dos sujeitos na produção jornalística, as noções de verdade. A noção de decolonialidade perpassa boa parte dos capítulos, que trazem a preocupação com a desconstrução e superação das posturas colonialistas em seus aspectos culturais, ideológicos e epistemológicos.
O livro pode ser acessado e baixado gratuitamente pelo link: https://www.editoracatarse.com.br/narrativas-midiaticas-contemporanea-epistemologias-dissidentes/